Das bicicletas
Aconteceu durante uma noite. Uma noite de lua cheia. O caminho lavrado de passos e partilha das vivências nas famílias assentadas percorreu a estrada de areia até o Rio Paraíba do Sul. A ponte entre um lado e outro deixara de existir a meses e foi substituída por uma canoa simples, de madeira. Ela compunha os movimentos que a água fazia, deixando-a molhar os pés e os instantes. E na tecidura do horizonte, era a lua cheia que iluminava o lugar. Atravessado o rio, as bibicletas nos esperavam para juntos percorrermos a distância. Três bicicletas para mim, Francisca, Julia Maria, Pedro e Emílio. Francisca na garupa de Emílio e eu na garupa de Julia Maria. Re-cordei. Meu nome foi arremessado de uma garupa de bicicleta para uma certidão de nascimento: minha mãe colocou em mim o nome de uma criança que, na garupa de uma bicicleta, costumava passear por Torres. Quando criança, eu e minha irmã gêmea conhecemos tantas vezes a Rua das Rosas na garupa de um bicicleta. Posta as forças para pedalar e os primeiros impulsos, as bicicletas abriram expectativas e alegrias. O vento fresco fazia entrar pelo corpo os arrepios das memórias e das presenças: eram as permanências das infâncias contidas nas bicicletas. Recolhidos na estrada, os retalhos de felicidade trataram de costurar a noite de histórias.
Pâmela Grassi
18 de fevereiro, Campos de Goytacazes
Muito bom! Deu uma vontade de reler a infância de Bandeira!
ResponderExcluirLembrei-me de minha in~^ancia, das investidas sobre este objeto teimoso em insistir de me deixar cair.
ResponderExcluirQuando aprendi, foram meus anos dourados.
meu beijo.
Minha infância de volta por um momento. Obrigada!
ResponderExcluirBeijos.