Viva a Tropicália! Viva o Tom Zé! Viva a Antropofagia! Viva a Vida Re-inventada!

 Árbol de la Vida, Violeta Parra

- A raiz sustenta a árvore como a fé sustenta a nossa vida.

Escola Bíblica Litúrgica da Diocese de Caxias do Sul, 2005. Lema da Região Pastoral Oeste. Neste início de 2012, com a revisão do Projeto de Vida [tempo-espaço de (re)colhimento, silên-cio e (re)significações], a frase retorna de modo singular, pedindo passagem para reflexões sobre a caminhada.  Perguntas a partir da parte mais intrínseca de uma árvore degustam nossos corpos em movimentos antropofágicos: beberico [com vinho vintage] possibilidades de loucuras e mastigo pacientemente e com cuidado estas perguntas, permitindo que elas deslizem sobre o corpo-alma-corpo, tornando-me a própria pergunta do meu Projeto de Vida. E assim como as palavras carregam seus interstícios, a caminhada destas perguntas em metodologias antropofágicas também faz e re-faz intervalos. Quando despertados por meio de um olhar cotidiano-poético, os nós vinculados de uma extremidade a outra, re-compõem uma enredada costura. Um dos interstícios desta costura é um verso da poetisa Cecília Meireles. Carrego-o dentro da minha mochila desde que o encontrei numa rua de ventos [Mário Quintana também atravancava por lá].

- Porque a vida, a vida? Ah, a vida! A vida só é possível reinventada!

Outro interstício é a Conversa de Botas Batidas, dos Hermanos. A letra é de abrir qualquer janela-manhã de sol.  Gosto destes versos:

- Esse é só o começo do fim da nossa vida, deixa chegar o sonho, prepara uma avenida que a gente vai passar!

Dois intervalos de caminhada que já se manifestaram em diferentes momentos. O singular destas manifestações mora no detalhe de que nunca foram de modo igual. Prepararam a avenida de modo imprevisível e (re)inventaram-se com o enredo que acolheram. Desde então, as perguntas que mastigo perguntam-me se o processo de vida re-inventada constituiu-me como as raízes da minha árvore.  Se for isto mesmo, a fé [que lateja dentro do meu corpo-alma-corpo e escorre para fora por meio da práxis] insiste pelo gostoso gosto de viver de modo re-criado. Re-criar supõem colocar-se no mundo poeticamente: desconfiar do que é apresentado aos nossos olhos, indagar-se e re-contruir a partir das possibilidades das cores, dos cheiros e dos ventos.  Permitindo um olhar de espanto, o cuidado com as relações humanas [em especial] re-inventa os jeitos de ouvirmos, tocarmos, cheirarmos, abraçarmos e sentirmos [e outros versos da leitura do bemquerer].  Tem outro verso da Cecília que não é interstício, porém é provocação quando proseamos a respeito do cotidiano poético.

- E comecei a cantar-te. Amor é arte. Mas a vida é tão pequena, bela sobre toda a flor – tão pequena para amar-te! E em toda parte causa espanto o meu amor.

A nossa caminhada orgânica na Terra é tão pequena e única que arriscar o espanto e a poesia em nossas vidas é torná-la uma arte de muitos retalhos úmidos e vivenciados.  Assim, inauguro os versos do estandarte do meu projetodevidavenida [após oito anos]:

- A raiz sustenta a árvore como a fé sustenta a nossa vida, assim como o re-inventar sustenta o nosso bemquerer.


 Pâmela Cervelin Grassi
[Cabe um detalhe provocador: a Pastoral da Juventude, com um Processo de educação na fé permeado pela Formação Integral preparou esta Avenida de Poesia],

Comentários

  1. Saudações quem aqui posta e quem aqui visita.
    É uma mensagem “ctrl V + ctrl C”, mas a causa é nobre.
    Trata-se da divulgação de um serviço de prestação editorial independente e distribuição de e-books de poesia & afins. Para saber mais, visitem o sítio do projeto.

    CASTANHA MECÂNICA - http://castanhamecanica.wordpress.com/

    Que toda poesia seja livre!
    Fred Caju

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