O Vento


 Amarante e a customização

Não importo em ver a idade em mim. Tem vezes que os caminhos muitos insistem em nascer pra ver deitar o novo. Veja bem meu bem, arranjei alguém chamado saudade. Em meados de 2000, lá no mês das serpentinas e confetes, minha irmã e eu, com dez anos de caminho, magricelas, de pernas de saracura, pulamos um legítimo carnal de salão. Duas canções eram as mais aguardadas e festejadas pelos pés: Anna Júlia e Pierrot. Cinco anos después, num agosto de estética gelada, Los Hermanos pousava em terras caxienses para show de lançamento do 4. Se toda rosa é rosa assim ela é chamada, todo pai é pai com sua sagração de governante supremo. Tira esse azedume do meu peito e com respeito trate minha dor. Reza a lenda que todo carnaval tem seu fim e assim findou a banda. Um século, um mês, três vidas e mais. Sete anos foi o tempo de espera. Uma noche de 12 de maio de 2012, em Porto Alegre, com a companhia de amigas e amigos de caminhada. Noite para copilar na memória de um disco de vinil. Amarante, com seu terno brechó atalóide, seu sorriso bonito, sua barba, sua voz arrastada e bêbada. Duas canções marcaram uma voz rasgada e rouca, Conversa de Botas Batidas e o Vento. As duas canções de cabeceira, que se confundem quando converso sobre a minha estrada. Espera que eu não terminei. Nunca diga, da saudade banda Graforréia Xilarmônica, com seu brega iê iê iê, provocou suspiros da Paula. Marina e eu até ensaiamos passos 60’s enquanto cantarolávamos fui lhe mostrar uns discos que comprei de um cantor que eu sempre gostei . Mais do que canções de blocos do eu sozinho, canções dos Hermanos possuem em sua gênese seríssimas chances em se tornarem mantras. É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê; Diz, quem é maior que o amor, me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora e Sonho não se dá, é botão de flor o sabor de fel, é de cortar. A felicidade já consumia todo o corpo, quando – ao final do show – Marília jogou em direção ao palco uma camiseta customizada que havia feito para a Valda. Amarante ficou com ela. Se tem que durar, que vem renascido o amor.

Canções da memorável noite de 12 de maio
1. O vencedor
2. Retrato pra iaiá
3. Toda carnaval tem seu fim
4. Além do que se vê
5. O vento
6. Primeiro andar
7. Morena
8. Um par
9. Do sétimo andar
10. Azedume
11. Descoberta
12. Sentimental
13. A flor
14. Cara estranho
15. Condicional
16. Deixa o verão
17. A outra
18. Um milhão (canção nova)
19. Casa pré-fabricada
20. O velho e o moço
21. Conversa de botas batidas
22. Último romance

Bis
23. Nunca diga (Graforréia Xilarmônica)
24. Tenha dó
25. Anna Júlia
26. Quem sabe
27. Pierrot

Pâmela Cervelin Grassi

Comentários

  1. "canções dos Hermanos possuem em sua gênese seríssimas chances em se tornarem mantras".

    Que lindo texto, Pâmela. Me emocionei de verdade!

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